Dois extremos
Chegou e tirou os sapatos, aliviado por sentir a madeira fria em seus pés, rumou até a cozinha e mordeu uma maçã encostado no balcão de mármore negro, sabia o que tinha vivido há pouco, mas não conseguia processar em sua mente. Ligou a TV e se jogou no sofá, olhou para a maçã recém mordida e lembrou-se novamente do sorriso bobo, das mãos entrelaçando-se à luz do amanhecer e do toque suave da pele. Mesmo estando longe, escondido, sentia-se em casa. A companhia lhe fazia sentir daquela forma.
Ignorando completamente o som baixinho da TV, pensou em ligar, mandar uma mensagem só pra dizer que já estava com saudade, alcançou o celular no bolso e escreveu "Cheguei, já morto de saudade!", sem demora a resposta veio "Ok. você me faz um bem...", sorriu ao ler, travou o celular e adormeceu pensando no que vivera naquela manhã.
Horas depois, despertou com o barulho da TV, que anunciava num jornal local um acidente envolvendo dois carros, aumentou o volume quando reconheceu um deles. Pegou o celular, haviam duas mensagens, uma foto com print do Facebook "Em um relacionamento sério" e "Tá em casa? tô levando vinho e Sushi". Ligou e ninguém atendeu, ligou novamente e nada! Atentou-se à TV que dizia os nomes das vítimas.
Atordoado, deu um pulo do sofá e suas pernas falharam, sua boca secou e o coração acelerou. Não sabia o que faria, não conseguia acreditar. O seu amor se fora! Pensou em correr pra o local do acidente, mas seu corpo não obedecia seus comandos. Viu novamente a mensagem. Exatamente minutos antes do acidente. Lágrimas caíam e suas mãos tremiam. Lembrou da manhã, do sorriso, do carro destruído, das mãos se entrelaçando, da voz da repórter dizendo vários nomes, de como aquilo soava tão distante e sentou. Não sabia o que faria. Queria poder ver, tocar, beijar e amar novamente.
A campainha tocou e ele correu para atender, e lá estava. Com uma sacola de Sushi e um vinho na mão. Atônito, apenas chorou e o abraçou forte.



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